sábado, 25 de abril de 2009
DÚBIA, É A VIDA
(Fotografia extraída de www.olhares.com)
O tempo passou
Sinto
Que já não sou o mesmo.
Olho-me ao espelho...
Longamente.
Agora,
Vejo um velho,
O cabelo esbranquiçado
A pele rugosa, irregular
Decadente.
Já não me sinto novo
Capaz de desbravar o mundo
De enfrentar conflitos,
De dar o corpo ao manifesto.
Perdi a ânsia d' aventura
O gosto e o devaneio,
O cio e o prazer.
Não mais busco o futuro
Não penso no amanhã...
Porque, se pensar
Não sei o que será...
Do resto... de mim!
Dizem que rugas são magia
Que a velhice é sagese
Que parar é morrer.
Os filhos adultos,
Os netos crescidos,
Os caminhos cruzados.
E eu,
Um pobre velho incauto
Não sei o que fazer.
Antes,
Sonhava, ria
Chorava, gemia
Vibrava, enfim...
Sentia!
Hoje,
Não consigo mais rir
Nem chorar, nem gemer
Nem vibrar...
Hoje,
Não consigo mais amar!
Não consigo mais sentir
A mais ínfima sensação...
Não consigo mais sofrer!
Amanhã...
Que será de mim?
Será não, será sim?
Só não quero mais sofrer
Deste medo de morrer!
Fernando Peixoto © (Novembro de 1994)
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