sábado, 14 de novembro de 2009

EBULIÇÃO






A mim

Tudo me chamam...

Cavalheiro, escritor

Poeta, galanteador

Entre outros demais.

Cantor de palavras

Actor de intervenção,

Liberto minha emoção

Esvaio-me de mão p'ra mão.

Sei que sou complexo

Que tenho um jeito sedutor

Mas que por detrás do amor

Existirá sempre o sexo.

Por vezes, não raras

Sem razões, sem nexo

Freudianas impulsões,

Torno-me pouco sensível

Talvez até imperceptível

Quiçá um reles compulsivo...

Talvez deliberadamente

Seja até um pouco louco,

Não o deixarei de ser

E de m'intrometer

Na ebulição difusa

De uma alma confusa.

O vento reclama

A brisa espairece

Quando ela me chama

Tudo o resto acontece...



Fernando Peixoto ©


(Novembro 1999)

(Imagem: www.olhares.com)

domingo, 8 de novembro de 2009

AMAR








Ir e voltar

Emergir

Saber estar

Imergir

Escapar e sorrir.

Saltar, beber

Falar

Escrever

Perorar... e ter.

Saber...ver

Analisar, prever

Pensar

Escutar, calar

Mas conter.

Dormir, acordar

Despertar

Sentir

Vir e aguardar

E fruir.

Desejar...atingir

Rir e chorar

Influir e ansiar

Sentir

Regressar e sumir

Enfim... amar.




Fernando Peixoto ©


(Fevereiro de 1995)