quarta-feira, 5 de novembro de 2008

TU, FALSO SER

Sentes a marcha
Contínua do tempo
Impiedosa
Sóbria e pertinente...
Atravessar-te, degrau após degrau
Marcando o devir
Pessoal e constante
Como quem passa sempre por ti.
Pensas ao sabor do vento
Ignoras o númeno que te induz
Desprezas a sensibilidade
Que te minimiza...
Valorizas o ideal
Tremendo de utopia
Que te resigna à mais simples evidência.
E, na mais pura das certezas,
Questionas a veracidade afluente
Que racionaliza o mais puro sentido,
Quebrando o elixir do transcendente
E cingindo
À mais pura simples esfera
O teu actual estado latente.


Fernando Peixoto ©

(Junho de 1994)

4 comentários:

Anónimo disse...

Que complexidade Fernando! Quando decides pensar alto, fazes mossa...Que elaboração meu querido. Peço-te, descomplica caso contrário ninguém te atinje...rs.
És demais!
Bjs

Paula Morais

Anónimo disse...

Que profundidade, "Pai"...
Apesar de muito complexo, bonito...como tudo que faz!
Gostei muito.

Um grande beijo - com todo o respeito!

Vânia Fernandes - Esp.

Anónimo disse...

Professor Fernando Peixoto

Todos os seus poemas transmitem algo de diferente a cada pessoa que os lê.
Todos eles tocam no coração, todos dão que pensar.
Espero que continue.

Um abraço da sua aluna
Elsa Gavino

Belladonna disse...

Quando se vive de sonhos sem, na verdade, marcar o compasso, a orquestra torna-se inaudível.
A vida acaba aos tropeções, acumulam-se frustrações na competitividade natural entre os homens e acabamos prostrados no início dos degraus. Com pernas, mas sem saber como usá-las.