segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Soneto à Alma


Melopeia de um canto nasalado
Do qual cuidadosamente se extirpou
Desvanece o percurso desditoso
No tempo indigente e resvalado


Raízes profundas e profícuas
Esvaem-se no fluxo percorrido
De caminhos e horizontes longínquos
Em nostálgicas passadas iníquas


São estas as imagens da certeza
São estes os prelúdios da destreza
Vida minha, alma tua que te foste


A nuvem perpassa no céu
O vento não é meu, é teu
Tu sempre foste… o meu outro eu



Fernando Peixoto

( Porto , Novembro 1997 )

5 comentários:

Branca disse...

Fernando,

Às vezes os seus poemas são densos e misteriosos, mas transmitem muito do que vai no fundo da sua alma.
Este soneto faz-me lembrar sobretudo nos dois tercetos finais alguém de quem tenho muita saudade.
Um grande abraço de solidariedade.
Branca

Anónimo disse...

Grande Mestre,

Complexo, difícil mas único!
Cada pensamento seu leva-nos a reflexões inimagináveis. Obrigado por ser quem é, por nos "iluminar"...

Um abraço de um "discípulo" atento,

Ruben Santiago

Anónimo disse...

Fernando querido,
Ler-te é sempre descortinar fímbrias do pensamento que comumente nos escapam.
Bela melopéia suave e lírica, sem perder a força do impacto e da instigação. Bravo!
Um abraço e meu melhor aplauso!
Sylvia

Anónimo disse...

Professor,

Vale sempre a pena a visita, nem que seja apenas para buscarmos energia!
Obrigado pela força.
Tudo de bom,

Beijinhos,

Catarina Dias (CD)

Anónimo disse...

Fernando,

quando queres sabes atacar as feras adormecidas...
Grande soneto!
Bom 2009 e beijinhos da sempre amiga,

Tucha