
A mim
Tudo me chamam...
Cavalheiro, escritor
Poeta, galanteador
Entre outros demais.
Cantor de palavras
Actor de intervenção,
Liberto minha emoção
Esvaio-me de mão p'ra mão.
Sei que sou complexo
Que tenho um jeito sedutor
Mas que por detrás do amor
Existirá sempre o sexo.
Por vezes, não raras
Sem razões, sem nexo
Freudianas impulsões,
Torno-me pouco sensível
Talvez até imperceptível
Quiçá um reles compulsivo...
Talvez deliberadamente
Seja até um pouco louco,
Não o deixarei de ser
E de m'intrometer
Na ebulição difusa
De uma alma confusa.
O vento reclama
A brisa espairece
Quando ela me chama
Tudo o resto acontece...
Fernando Peixoto ©
(Novembro 1999)
(Imagem: www.olhares.com)