sábado, 25 de junho de 2011

MEDO





O medo

É algo de profundo.

Intui e paralisa.

O amor, absoluto

Contém, não existe

E racionalizando…

Permanecendo num vácuo

Constante.

É o oposto da razão

Raiz impoluta

De vastas sensações.

Entre o preto e o branco

Não há amor,

Ou ódio, ou odor…

O ódio tem côr

O amor também.

Livre, revolto

O medo inebria

Assusta e perturba

Qual toada perdida…

Tenebroso ímpeto

Entre sonos despertos

O medo coíbe.

Frágil conduta

Rumos perdidos

Passos trocados

O medo estagna.

O homem pára,

Inerte, esparso.

Débil ser

Encantos lúgubres

O medo intimida.

O medo não é dor

Nem alma ou calor

O medo não é algo

Nem vaga nem fundo

Nem luta, emoção

Nem ódio, nem côr.

O medo é nada

O medo é tudo

O medo é,

Simplesmente, puro…

O medo é

Algo de profundo.




Fernando Peixoto ©

(Março de 1991)


Foto: Maiko Lima em www.olhares.pt

3 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia, Professor Peixoto.

Poema simplesmente genial! Dá bem que pensar...
É sempre um prazer e uma fonte de inspiração, ainda para mais nos tempos que correm.

Um grande beijinho.

Isabel S. Santos

Anónimo disse...

Simplesmente genial.

Sempre especial...

Um beijo grande, Professor único!

Elsa Brito e Cunha

Anónimo disse...

Grande talento.
Fabuloso poema. Os meus parabéns pela qualidade rara.