sábado, 18 de junho de 2011

PORTUGAL 2011










Portugal está num estado convulso. Ponto.
O panoramo político tem agitado, nos tempos mais recentes, a tessitura social ao ponto de questionar a sociedade em que vivemos. Nos mais díspares domínios, da economia à sociedade, Portugal parece encontrar-se num estado febril.
Em 2011, pese embora não termos completado um semestre completo, muito tem acontecido. Talvez demais para a estrutura do país que somos e, tendo em conta o estado em que nos encontramos,de certo modo pode reflectir o futuro que nos espera.
Antes de mais, há que admiti-lo sem falsos pruridos, temos todos de pensar séria e humildemente no que somos. Donde vimos, para onde vamos e, fundamentalmente, em que estado nos encontramos.
Após longos anos a perorar autênticas verborreias demagógicas, os políticos que civicamente elegemos parecem ignorar a chamada
, motivo pelo qual as recentes eleições legislativas redundaram num resultado final, no mínimo, expectável.
Sócrates e sua trupe escorraçados borda fora (28%). Os bloquistas dizimados a uma insignificância indigente (5%). Os comunistas, persistentes e 'orgulhosamente sós', mantiveram o seu nicho percentual (leia-se, eleitoral)na casa dos 8%. Os centristas contrariaram a lógica do denominado fenómeno 'inversão de ciclo' e conseguiram subir ligeiramente (para os 12%) conseguindo o tão almejado 'pódio governamental'. Por fim, os sociais-democratas conseguiram uma vitória anunciada, esclarecida e desafiadora (39%).
Convém, em primeira instância, recordar que as forças partidárias que subscreveram o famigerado 'memorando de entendimento' conseguiram, no seu conjunto, uma taxa percentual na casa dos 80% (sensivelmente), ao que acresce paradoxalmente os 13% dos críticos do dito. Significativo!
Hoje, com a publicação do elenco governativo muito fica por fazer ou, se preferirem, dá-se início ao resto dos nossos dias...
Porém, sem valores e princípios perfeitamente depurados, nada nos resta esperar. Habituados que estamos a criticar ostensiva e gratuitamente tudo e todos, de forma quase sempre inábil, infundada e masoquista, eis que dispomos de uma oportunidade de ouro para definirmos as nossas prioridades, antes que os 'abutres' nos venham sugar o tutano.
Será que porventura equacionamos o que somos, que ideais defendemos, que caminhos preconizamos? Ou será que, pelo contrário, limitamo-nos a apontar o dedo qual virgem ofendida, sem que para o efeito tenhamos dado qualquer contributo?
Pensemos, caros amigos, qual o papel que nos pode caber nesta conjuntura sinuosa, ao invés de tentarmos contornar com tibiezas e expedientes sibilares as enormes dificuldades que se nos têm deparado e das quais (muitas, por sinal) persistem em nos perseguir...
Pensemos, meditemos,sejamos proactivos, caros amigos, pois o futuro depende cada vez mais de nós.

Um grande abraço e que a nossa 'honra' nos proteja.

4 comentários:

Anónimo disse...

Professor,

Tanto tempo depois, o regresso do Mestre!
Grande análise da realidade. Sem tirar nem pôr.Só mesmo o Professor para dissertar assim. E poesia, para quando?
Pelos vistos, agora é só política...

Um grande abraço.

Tiago S.

Anónimo disse...

Prof. Fernando Peixoto,

É uma pena que não publique com mais regularidade, pois lê-lo é sempre um prazer. Parece que estou a revisitar uma das suas aulas fantásticas das quais ninguém esquece, pelo menos quem tem o privilégio de assistir.
Embora não seja uma expert em política, a sua análise é intocável. Vá dando novas.
Com muitas saudades, beijinhos...

Sofia Carvalho

Anónimo disse...

Olá Professor,

A política como a vida tem caminhos estranhos, personagens estranhas e contextos estranhos que nem sempre percebemos. Podemos concordar ou discordar, mas penso que a maior dificuldade está em «ler os sinais» atentamente, como o Professor tantas vezes ensinou.
Vá escrevendo mais, é sempre um prazer.

Um grande beijinho.

Carla Gomes

Anónimo disse...

Professor Fernando Peixoto,

Excelente análise para memória futura. Leva-nos a reflectir com uma subtileza extraordinária.
Temos de combinar um encontro pois o tempo vai passando e a tertúlia desesperando...

Um grande abraço.

Rui Faria